sexta-feira, 4 de junho de 2010

Zé do Pedal em Johannesburg!

Oi Pessoal! Dessa vez resolvi escrever para contar uma experiência incrível que passei e para falar de uma pessoa que tive o previlégio de acompanhar por alguns dias e conhecê-lo.

Em Maio de 2008, o brasileiro José Geraldo de Souza Castro saiu de Paris – França ruma a Johannesburg – África do Sul conduzindo um kart a Pedal.

Zé do Pedal, como é conhecido, chegou em Johannesburg no Melrose Arch no dia 1o de Junho após 2 anos e 3 semanas pedalando.

Eu tive o prazer de acompanhá-lo nos últimos dias junto de 2 amigos que estão fazendo um documentário sobre ele.


Essa não foi a primeira aventura do Zé do Pedal. Ele fez sua primeira aventura em 1981, quando saiu do Rio de Janeiro, de bicicleta, e chegou à Espanha, para assistir à copa do mundo de 1982. Depois disso, deu a volta ao mundo de bicicleta, cruzou o Japão e parte do Brasil em um velocípede, desceu o rio São Francisco num pedalinho e viajou pelo oceano Atlântico em um barco a pedal. Passou por chuvas monçônicas, terremotos, furacões e duas guerras civis. No total, visitou 66 países e pedalou cerca de 150 mil quilômetros.

Conforme descrito no blog do documentário sobre o Zé suas principais aventuras foram:

De bicicleta até a Copa do Mundo (1981/1982) - Saindo do Rio de Janeiro, ele atravessou a América do Sul, voou até a Inglaterra e foi pedalando pela Europa até a Espanha. Minutos antes da chegada dos jogadores para a Copa de 1982, chegou de bicicleta em frente à concentração da seleção brasileira. Este fato chamou a atenção de jornalistas do mundo inteiro, fazendo-o ganhar notoriedade no Brasil. Foi neste momento que ele recebeu o apelido de Zé do Pedal.

Volta ao mundo de bicicleta (1983/1986) - Logo que retornou da Espanha, decidiu dar a volta ao mundo de bicicleta. Nesta viagem, divulgou uma campanha de Combate ao Câncer nos 54 países pelos quais pedalou. O fim da aventura se deu no México, onde novamente assistiu a uma copa do mundo de futebol.

Japão em um velocípede (1985) - Durante a “Volta ao Mundo”, decidiu cruzar o Japão em um velocípede infantil, enquanto chamava a atenção da mídia para a condição das crianças na Etiópia.

De Chuí a Brasília em um velocípede (1987) - Após conhecer o mundo, Zé decidiu viajar pelo Brasil. Optou, novamente, pelo velocípede, e cruzou o Brasil para pedir aos políticos ajuda para as crianças do nordeste.

América do Sul em uma motocicleta (1996) - Em uma motocicleta, percorreu 8 países da América do Sul: Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Bolívia.

Pedalando no Velho Chico (2002) - Depois de 12 anos morando no Equador, voltou ao Brasil e retomou sua vida de aventureiro do pedal. Viajou por todo o Rio São Francisco, em um barco tipo pedalinho, de Três Marias (MG) até Aracaju (SE). Nesta viagem, procurou chamar a atenção do país para a poluição do Rio São Francisco.

Da Liberdade ao Cristo (2004/2005) - Saindo da estátua da liberdade, em Nova Iorque, Zé tinha o objetivo de chegar ao Rio de Janeiro, percorrendo a costa litorânea das Américas em um barco a pedal. Nesta aventura, buscava alertar a comunidade internacional para a poluição das águas do planeta. Entretanto, na cidade de Dzilam de Bravo, no México, 18 meses depois da partida, sua embarcação sofreu danos irreparáveis ao enfrentar o furacão Rita, impedindo o término da viagem. Dos 23 mil quilômetros programados, pedalou cerca de 10 mil.

Zé do Pedal 50 anos (2007) - Na comemoração de seus 50 anos, construiu uma embarcação a pedal feita com garrafas pet, um quadro de bicicleta encontrado em um lixão e algumas barras de aço. Com ela, realizou uma inusitada travessia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a poluição das águas e a importância do Protocolo de Kyoto.

Extreme World (2008/2010) - Em um kart a pedal, Zé viaja da França até a África do do Sul. Nesta aventura, de cerca de 19 mil quilômetros, divulga uma campanha internacional de combate ao Glaucoma e à Catarata em países pobres.

Após sua chegada ele escreveu brevemente no seu blog:

“Depois de 3049 horas, pedalando por esta maravilhosa Africa, finalmente alcancei o objetivo de chegar a Joanesburgo.

Era 3 da tarde, do dia 1 de junho, quando cheguei ao Melrose Arch.

Pra voce que fez parte deste sonho, meu eterno agradecimento.”

Consegue imaginar o que é 2 anos pedalando em um kart de criança?

É claro que eu tive que fazer um test-drive no carrinho! Nada confortável para andar por muito tempo.


Posso descrever o Zé do Pedal como uma pessoa extremamente simples e humilde. Ele é realmente um exemplo de vida.

Não tem como se emocionar com a história dele. Eu acho que estava tão ansioso quanto ele no momento da chegada e nos dias anteriores. Meus olhos se encheram de lágrimas por várias vezes escutado ele contar por momentos e coisas que ele passou.

Por exemplo, ele pegou malária 2 vezes durante essa viagem e não desistiu. As recompensas quanto as amizades, experiências, lugares que conheceu, etc, com certeza valem a pena.

Muitas pessoas que vêm ele fazendo estas coisas, acham que ele tem dinheiro. Eu presenciei um português que vive aqui na África a 30 anos, que ao ver o Zé ficou curioso e se aproximou, e começou a conversar e fazer perguntas. Após dizermos que ele não tem dinheiro, que dormia onde dava, comia o que conseguia e dependia das ajudas das pessoas dos lugares por onde passava, ele ficou pensativo. O Zé partiu e uns 2km depois o português chegou de carro e entregou ao Zé uma caixa de suco e uma nota de 100 rands.


Outro momento que me marcou foi quando o Zé viu a primeira placa escrito Johannesburg.

Ele parou para tirar uma foto, é claro, e disse assim: “Puta que pariu, 2 anos pedalando pra chegar aqui e ver essa placa”. É muita força de vontade. A placa estava torta e bem feia, mas foi a primeira dizendo que estava chegando ao destino final!


Para quem desejar ver fotos e saber um pouco mais de cada lugar que ele passou, pode visitar o blog do Zé do Pedal - http://zedopedal.skyrock.com/

O blog do filme sobre ele é - http://zedopedalofilme.blogspot.com/

Zé do Pedal, hoje com 52 anos, vai ficar aqui na África do Sul até o fim da Copa do Mundo ( ainda não tem ingresso para nenhum jogo e nem passagem de retorno para o Brasil), depois disse que vai tirar um ano de férias e em seguida começar o novo projeto que é atravessar o Brasil de norte a sul empurrando uma cadeira de rodas, projeto de nome: “Caminhando pelos que não podem”. E também para chamar a atenção pelas dificuldades arquitetônicas que as pessoas que dependem de cadeira de rodas enfrentam.


Obrigado ao Zé pelo carinho que ele teve comigo nos dias que pude acompanhá-lo e ainda quero desejá-lo os Parabéns pelo fim de mais um grande desafio.

E como ele diz: Obrigado a todos e um beijo no coração!

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